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Bifurcação: January 2007

Bifurcação

Wednesday, January 31, 2007

as horas

...que não gasto digitando agora são dedicadas às muitas atividades do mundo secular e à leitura de JESUS KID, terceiro, se não me engano, livro da safra de Lourenço Mutarelli como escritor de prosa pura.
tanto O CHEIRO DO RALO quanto O NATIMORTO me deixaram boas impressões... um pela quantidade de idéias interessantes, o outro pela única idéia interessante explorada com habilidade.
mas é JESUS que tem as melhores soluções como literatura em prosa. os outros ainda têm um ranço daquela linguagem que o Mutarelli usa muito bem em quadrinhos mas que não funciona do mesmo jeito em prosa.
de resto, nada novo no front, só as velharias de sempre.
queria ler mais, mas com a aproximação do fim do roteiro tô animado o bastante pra continuar por mais 3 ou 4 capítulos.

Friday, January 26, 2007

registro

pra futura referência.

hoje martelei mais dois roteiros revisando aquele material que mencionei aqui ontem.

as pontas dos dedos estão cansadas mas a cabeça ainda está ativa o bastante pra mais algumas palavras.

meu professor de latim costumava dizer que "o exemplo arrasta", só que isso ele dizia em latim. é assim que estou me sentindo agora. velho, meio queimado já com esse negócio de escrever hqs, mas arrastado pelo exemplo de gente mais nova.

de acordo com a média que calculei de ontem, devo ter digitado aproximadas 3 mil palavras hoje. condensei 4 capítulos em 3. o que antes eram 21 páginas de história hoje são 18. os capítulos agora têm a mesma média de páginas. amanhã quero pegar o 5º original, de 7 páginas e transformar no 4º, revisado, de 6. mais exercício de síntese que isso, impossível.

se tudo der certo devo terminar com material suficiente prum álbum de 60 páginas no lugar das cento e poucas originais.

mais informações conforme novos progressos surgirem. agora é ler e cama.

Thursday, January 25, 2007

por quê?

ok. última tarefa do dia antes de me meter no quarto pra ler e escrever um pouco.

nada demais, certo?

é só uma pergunta retórica, que faço a você, agora com o único objetivo de entreter os velhos neurônios... o princípio é o mesmo do domador no zoológico que lança um bife a um velho leão desdentado.

mas eu respondo.

afinal, não é justo deixá-lo no escuro, já que a retórica não é geral, mas minha.

o motivo é simples.

nada me dá mais prazer que isso.

o binômio ler-escrever. escrevo porque leio. se não lêsse e me pegasse exaltado com as idéias de outras pessoas, não seria capaz de conceber a publicação das minhas, mesmo que as minhas não sejam necessariamente de minha propriedade, mas emprestadas de outros mais sábios e, com um ou dois enfeites, tornadas em minha propriedade exclusiva. até que as publique, claro, e se tornem de todos e o processo recomece.

claro.

no último par de dias estive envolvido em uma colaboração com um outro roteirista muito mais vivaz que eu e os produtos dela estão se empilhando. escrevi com ele um roteiro que foi desafiador em termos técnicos e foi e voltou diversas vezes. se não se tratasse de uma pessoa tão animada é provável que eu desistisse depois da primeira palavra.

e vendo essa animação tomei coragem pra retomar um daqueles projetos de gaveta e reescrevê-lo completamente. a idéia é fazer sempre capítulos curtos, de 6 páginas cada, pra, quem sabe, serializar em algum lugar. hoje transformei dois da versão antiga em um novo. o detalhe é que só o fato de ter as páginas impressas do roteiro anterior nas mãos já serviu de impulso e quase não consultei o original.

coisas da vida.

vamos ver se agora é a hora dessa história.

Wednesday, January 24, 2007

segunda

eu estava agitado demais pra colocar meus pensamentos em ordem.

de qualquer jeito, conversando por g-talk com um amigo, me dei conta do gosto que tenho por determinados autores e descobri o que o material que eles produzem tem que me faz 'clicar!'.

e é bem simples, pra falar a verdade.

é mais ou menos como trabalhar juntos numa colaboração.

na minha cabeça, toda boa história parte desse princípio de cumplicidade entre autor e leitor.

por exemplo, se disse que estava agitado na segunda, foi porque finalmente pus as mãos em mais material de caras assim.

que demandam que o leitor trabalhe com eles. que exigem algum esforço mental por parte de quem lê.

nada de fórmulas e idéias pré-fabricadas.

produção conjunta. uma idéia é lançada, cria raízes e dá frutos.

na pilha de livros a serem lidos agora:

VIMANARAMA, de grant morrison e phillip bond;

A SCANNER DARKLY, do k. dick;

SUDDEN GRAVITY, de greg ruth.

Monday, January 22, 2007

vigésimo

estou no vigésimo lucky do dia, ainda cansado da ida a sampa e, na verdade, não é o vigésimo do dia porque é outro dia, certo?

então hoje foi legal e divertido e terminei a noite há poucos minutos conversando com caras que escrevem, desenham e tudo mais, mas antes de mais nada, são muito gente fina. as maravilhas da tecnologia e assim por diante.

estamos preparando MARRETA pra virar livro virtual. vai dar trabalho revisar tudo e arrumar as cagadas (que partiram de mim) mas deve ficar, pelo menos, divertido de ler. ainda não é um livro de papel, mas consegui fazer mais que um conto. é minha primeira novelinha.

a segunda, IMITAÇÃO, começou a aparecer timidamente mas meio que vem ganhando força na minha cabeça.

além disso soube hoje que duas das minhas hqs recentes estão quase ficando prontas (de uma delas tenho acompanhado o desenvolvimento passo a passo - a outra é um verdadeiro mistério) e HERÓIS começa a se encaminhar nesse sentido também.

hoje vou ser curto porque tô 'no bico do urubu', como dizem por aí.

Sunday, January 21, 2007

uau

você não precisa se esforçar muito pra perceber: a)que estou tentando manter os títulos dos posts curtos e b)como minha criatividade anda em baixa.

vou atribuir as duas coisas à inteligência pouco exaltada das férias. verdade seja dita, faz um pouco de falta conviver com a loucura da molecada. o nonsense generalizado de suas vidas e todo esse jazz.

outro dia comecei a falar um pouquinho do zeitgeist estranho que tem surgido mais ou menos ao mesmo tempo no que chamamos de comunidade "criativa".

'zeitgeist', pra quem não sabe, é o espírito do tempo (não confundir com clima, daí seria outro 'geist', alemão pra fantasma, espírito e similares).

segundo alguns estudiosos, mais especifiamente, segundo rupert sheldrake, a mente é um fenômeno que acontece fora do corpo... não confunda mente com cérebro, certo? o cérebro é o hardware e a mente é o software.

gosto dessa idéia porque ela ajuda a explicar um pouco esses fenômenos estranhos de criações simultâneas similares. não confundir com plágio.

a mente, estando fora do corpo e tendo diversas similaridades com o indivíduo ao qual está ligada, é, por sua vez, ligada, conectada a um campo morfogenético que alan moore chamou de 'ideaspace' e que jung definiu como inconsciente.

assim, pessoas diferentes podem acessar esse espaço comum e ter as mesmas idéias ao mesmo tempo, talvez filtrando-as com sua experiência pessoal, com o material que as torna diferentes umas das outras.

swampthing e manthing, personagens da dc e da marvel respectivamente, apareceram quase de modo quase simultâneo nas histórias em quadrinhos. mas o zeitgeit da época era outro. o horror bem orientado e as idéias hippies estavam em voga e assim por diante.

mas quando aparecem coisas como as que vêm aparecendo...

bom, é pra ficar preocupado.

desde quando é um bom exemplo um sujeito que pratica a mortificação da carne pra se autopunir por seus erros passados?

é claro que mais nenhuma criança quer saber de quadrinhos, que os fãs de super-heróis são adultos e tudo mais e, aparentemente, ninguém pensa em formar novos leitores indo pras bases.

é uma pena.

Saturday, January 20, 2007

fds

meus planos pro fds são simples e se resumem facilmente em um par de linhas que não estou autorizado a divulgar.

segunda-feira é outra história e deve me pegar em sampa pelo menos na parte da manhã.

hoje estive conversando com dois desenhistas que coincidentemente são meus amigos de longa data. é legal ver esses caras interagindo, trocando experiências, falando dos autores que mais curtem.

foi assim que terminei com uma daquelas perguntas que não fazem sentido pra quem não conhece os quadrinhos dos anos 80 e 90. o que aconteceu com os álbuns especiais e mini-séries que eram produzidos como objetos de arte?

tudo bem.

ainda tem o john bolton que volta e meia desenha uma ogn pra vertigo. kent willians que adaptou THE FOUNTAIN pros quadrinhos há pouco tempo. john j. muth que às vezes faz uma ou outra edição de, sei lá, o produto derivado de sandman da vez ou o especial que ele simplesmente não pode negar por qualquer motivo que seja.

mas, vê só: e o bill sienkiewicz? que se fez dele? o cara agora se contenta em arte-finalizar outros desenhistas? só isso? depois de coisas como ELEKTRA e STRAY TOASTERS?

dave mackean, que muita gente pensou ser um clone de sienkiewicz quando apareceu, hoje em dia dirige filmes de fantasia. esse cara devia ser obrigado a fazer pelo menos uma história em quadrinhos a cada dois anos! ele escreveu e desenhou CAGES que, exceto por SIGNAL TO NOISE, é melhor que qualquer colaboração dele com o gaiman.

eles continuam trabalhando com artes plásticas. dá pra ver material novo da maioria (exceto sienkiewicz) aqui.

pois é. é nisso que dá tomar café com desenhistas.

Thursday, January 18, 2007

dia

hoje li um punhado de coisas que queria ter devorado já há algum tempo.

o livro V de PROMETHEA, por exemplo. pra maioria das pessoas não passa de uma história em quadrinhos psicodélica que foi levada a sério demais por seus autores. pra mim funciona como tratado ocultista e jornada iniciática.

daria pra falar milhões de coisas sobre a série toda, mas porque estragar a possível experiência única que a leitura da mesma constituiria pra qualquer um que se aventurasse por essas águas?

tem ainda um uso de metalinguagem muito bem feito tanto no que se refere ao texto quanto à arte.

li 100 BALAS, também, perdi a noção de que volume. BLUES PARA UM MINUTEMAN. o conceito continua parecido demais com o do LOBO SOLITÁRIO, só que com mais personagens e uma boa dose da velha e neurótica teoria da conspiração. o texto vai ficando cada vez mais vago, meio que se assemelhando àqueles experimentos modernistas com a rarefação do enredo, mas mata a pau em matéria de arte.

peguei meu segundo volume do INCAL pra dar uma olhada e, olha a surpresa, o jodô diz na introdução que se inspirou no tarot pra compor a história.

o INCAL é divertido e em certa medida lida com temas parecidos com os de PROMETHEA, sendo o mais gritante o caminho da evolução pessoal.

nas palavras de alejandro "john difool é o louco".

Wednesday, January 17, 2007

bom

em primeiro lugar, linguagem não é língua, apesar de a língua ser uma linguagem.

língua é = a idioma.

a língua local é o português. ou a portuguesa. depende de como você estiver se sentindo agora. misógino ou não.

como dizem os livros, ‘só os gênios observam o óbvio’.

então, tirando essas obviedades do caminho, podemos falar da linguagem dos quadrinhos, que nada mais é que a combinação de outras duas linguagens.

a verbal escrita e a icônica.

alguns gostam de dizer que os quadrinhos são uma linguagem bastarda por causa dessa descendência. o cinema também deveria ser considerado assim, claro. as diferenças entre quadrinhos e cinema são, também, óbvias, mas diabo, por que não listá-las, certo?

os ícones na linguagem cinematográfica, mesma nas animações, capturam o movimento imitando de forma mais eficaz o que costuma ser chamado de ‘vida real’.

além disso a linguagem verbal nos filmes é falada.

claro que a lista poderia seguir por mais alguns parágrafos, mas como diria meu conterrâneo macunaíma, ‘ai, que preguiça’.

nas hqs a linguagem icônica é estática. a ordem dos painéis e de leitura determina a velocidade com que uma história pode ser lida (assim como a quantidade de texto em cada painel/página).

uma coisa que se pode fazer quando se está lendo uma hq e que não pode ser feita com um filme (tá, no cinema, bem entendido), é voltar atrás no meio da leitura e conferir a ordem do desenvolvimento ou alguma informação que tenha passado despercebida a princípio.

o controle sobre o desenvolvimento do tempo-espaço é maior por parte do leitor.

a outra observação a respeito da linguagem que pode ser feita é que, como num livro, as duas linguagens combinadas, tanto a icônica quanto a verbal escrita, podem ser entendidas como texto. sim, porque você lê as imagens também, do mesmo jeito que lê o sinaleiro num entroncamento... as cores são imagens dentro daquele contexto, assim como são idéias que podem ser representadas por palavras.

volto a isso depois, quando estiver menos entediado comigo mesmo e com o tema.

Tuesday, January 16, 2007

again

como disse no outro dia, as hqs parecem muito com poesia.

se quisesse levar a comparação mais adiante, diria que as histórias em quadrinhos usam mais ou menos os mesmos recursos que a poesia quando se trata de ritmo, pausas e, por que não, formas. claro que estaria aproximando os quadrinhos mais de poesia concreta, talvez também da simbolista com todos os seus esquemas de cores e significados.

minha comparação anterior de poesia e quadrinhos era mais por causa do preconceito que atinge ambas formas de arte. tinha referido, inclusive, que o preconceito supra tinha mais a ver com o conteúdo das histórias do que com sua forma, sua linguagem.

quando se fala em poesia pro público em geral, as pessoas pensam imediatamente em romantismo.

é sério. sei do que estou falando. ninguém lembra de leminski ou dos irmãos campos. ou de rimbaud.

quando se fala em quadrinhos a resposta é parecida. dependendo de quem esteja do outro lado da interlocução a pessoa pode lembrar dos quadrinhos de maurício de sousa ou dos inevitáveis super-heróis. claro que a idéia de que quadrinhos são coisa pra criança já deixou de ser a norma em círculos mais informados... mas falar de uma maioria aqui no nosso país é falar da grande massa que ainda vota de cabresto ou pra ganhar coisas. são os semi-analfabetos, os iletrados, os que não têm acesso à tecnologia.

são duas linguagens menosprezadas e cheias de potencial.

mas até aí, até a prosa vive o drama de ser prosa e, às vezes, de ser arte.

as pessoas não lêem. os que deveriam estar mais interessados em se informar e, de repente, ter a oportunidade de virar o jogo social, não lêem.

ainda quero voltar a falar da linguagem dos quadrinhos com mais profundidade, mas não vai ser hoje.

Friday, January 12, 2007

‘solve et coagula’

é a suma da alquimia e, acho, se aplica relativamente bem às idéias que estamos atacando aqui no que diz respeito aos quadrinhos.

é o mesmo processo que o de aquisição de qualquer conhecimento.

envolve tese, análise, antítese e síntese.

eu ainda estou brigando com a tese.

meu aprendizado é do tipo demorado porque quero entender as coisas, mesmo que não tenha nada a ser entendido (é minha impressão em assuntos como economia, política e o que as pessoas costumam chamar de mercado... este último depende e em muito dos dois primeiros).

claro que o que a gente tem aqui não pode ser considerado necessariamente um mercado – de quadrinhos, quer dizer. mas como tinha dito num post anterior, essas nomenclaturas me parecem cada vez mais arbitrárias.

mas não deixa de ser curioso pensar que deve haver essa criatura já meio mitológica, esse ‘mercado’ de que ouvimos falar... pessoas, às vezes, enchem a boca e falam dele. deve ter algum motivo, algum indício de que exista.

de qualquer modo, o de ontem foi a tentativa de estabelecer o que é comercial (presumidamente entretenimento) e o que é autoral (o que ‘faz pensar’ ou coisa parecida). não é o caso de dizer que essas categorias são impossíveis de serem combinadas.

a maioria das pessoas que lidam com a criação tende a querer juntar uma e outra em maior ou menor grau.

só pra citar um exemplo que, acho, é bem sucedido nesse quesito, talvez pudéssemos falar de SANDMAN. bom, não é um exemplo nacional, é claro, mas é uma hq bem-sucedida (talvez uma exceção à regra) e que continua sendo publicada e republicada...

é escapista e tem seus momentos de fazer pensar. tem aspecto de autobiografia em algumas partes, traz experiências de humanidade, de tolerância e de outras palavras bonitas que estão na moda e vende, ao que me consta. uma combinação que deveria ser natural.

também tenho minhas dúvidas a respeito da utilidade de discutir quadrinhos. a impressão de que tudo já foi dito pesa de quando em vez, mas não consigo deixar de pensar no potencial da linguagem e em quão pouco ele é explorado.

é claro que a partir desse princípio, dessa minipolêmica a respeito do que é ou não comercial, a gente pode partir em direções diferentes... talvez até algo envolvendo crescimento enquanto autores (hm, sim, é outra palavra bonita que quase não tem mais significado... talvez por causa da discussão a respeito da originalidade de que tanto se fala).

Thursday, January 11, 2007

ouch


sono pacas e até agora nada.

queria muito escrever uma seqüência do que comecei ontem mas acho difícil conseguir no meu estado atual.

tudo bem.

a divisão é arbitrária. quadrinhos autorais (faz pensar) e quadrinhos comerciais (entretenimento).

jimmy corrigan, por exemplo, foi sucesso de público em sua versão encadernada e é autoral. a crítica também gostou. mas pergunte a qualquer fã de super-heróis se já ouviu falar do livro.

falar de quadrinhos é como falar de poesia.

as pessoas têm uma idéia pré-concebida não da arte, não da linguagem, mas do gênero que consagrou a arte, a linguagem.

aqui no brasil talvez seja mais o de humor, o infantil, do que o de super-heróis.

nos eua a coisa foi diferente porque houve um boom de supas por lá nos anos 40.

superman vendia milhões de exemplares.

o que a gente tem aqui que vende feito água (e não estou perguntando de qualquer material publicado em território nacional, mas de quadrinho nacional – tem diferença)?

volto a esse raciocínio assim que convencer meus neurônios a funcionarem novamente.

Wednesday, January 10, 2007

questões


flashback pro fim dos anos 90: numa reunião de quadrinhistas brasileiros em sampa que tinha como objetivo lastrear o projeto de um álbum, ouvi uma coisa que me chocou profundamente. eu disse:

“Quero fazer quadrinhos que façam as pessoas pensarem.”

claro, tem um quê de pretensão nisso. a resposta que se seguiu me chocou (hoje não chocaria tanto).

“Quem quer pensar lê livro.”

foi mais ou menos isso. me pergunto: os quadrinhos podem fazer pensar? (tá, eu sei a resposta disso... considere como retórica de minha parte.)

melhor, vale à pena discutir isso? sim. a discussão de quadrinhos como forma de arte (considerando que arte pode levar à reflexão) é válida?

mais uma pra encerrar a rodada: quadrinho deve ser considerado só como entretenimento ou pode ter essas pretensões intelectuais supramencionadas?

Tuesday, January 09, 2007

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Monday, January 08, 2007

geist

com a cabeça à mil por conta do zeitgeist estranho desses tempos inéditos (pero no mucho).

hoje li um negócio que continuo acompanhando não tanto por obrigação, mais por curiosidade, mesmo. não tivesse nenhum outro motivo, diria que o storytelling me mantém interessado.

histórias em que personagens perfeitos (bons) enfrentam personagens perfeitos (maus) retém cada vez menos meu interesse.

quero, ao contrário, os sujeitos que duvidam de si mesmos e são falhados, suscetíveis às merdas que a vida lança em suas caras sem perdão.

caras que têm erros em seus passados e mesmo assim vivem o presente sem maiores preocupações.

gente, enfim, ordinária, como a gente.

Sunday, January 07, 2007

escute:

mais cedo hoje que ninguém é de ferro.

terminando muitas leituras simultaneamente. livros de estudos começando a ser relidos pra absorver especificidades.

preciso consultar alguém que entenda astrologia e tarot pra fins de pesquisa. talvez o sr. google?

MATADOURO 5 durou mais um segundo round hoje e foi plantar batatas. piu-piu-piu. e assim por diante. mais vonnegut, por favor.

enquanto não meto a cara em nenhuma leitura séria vou recompondo a história da origem secreta de um personagem sem precedentes na história das histórias em quadrinhos.

ele tem a ver com dragões, lázaro e o bardo todol, mas duvido que alguém (tirando o léo) adivinhe de que se trata.

ao mesmo tempo penso numa leitura de banheiro digna. algo leve e digestivo. tem que ser assim pra fazer sentido estar no banheiro.

ESCUTE:

MARRETA termina esta semana. olhos atentos.

Saturday, January 06, 2007

corrida maluca

hoje foi tudo muito corrido e louco...

acordei mais cedo, almocei mais cedo, saí de casa mais cedo e ainda assim não deu tempo de fazer tudo que eu queria.

novos recordes foram quebrados nesse meio tempo.

brincando com o léo na hora do café compusemos mais uma história em quadrinhos em coisa de 5 minutos.

“me empreste seu cérebro” diz o semi-zumbi. se fosse zumbi profissional já ia pegando e pronto.

às favas: li o livro-documentário de ilana casoy sobre o caso von richtoffen em coisa de algumas horas. como reportagem é legal e se você quiser saber mais sobre o antes do crime e ter uma noção em pinceladas rápidas das personalidades envolvidas, tá valendo o preço de admissão.

em vez de estudar por duas horas como venho fazendo todo dia antes de dormir, quebrei a rotina e li 150 páginas de MATADOURO 5, meu segundo vonnegut. o primeiro já tinha comentado por aqui e li no correr da semana. ainda não tinha gerado nenhuma fissura. mas assim que encarei o final morrisoniano da peça, soube que ia precisar de mais.

que narrador é esse, cara?

o homem é muito bom, mas tá meio fora de moda, como seu parceiro no crime, joseph heller. em tempo: tanto CAFÉ DA MANHÃ DOS CAMPEÕES quanto MATADOURO 5 têm edição econômica da l&pm pocket.

e, pra terminar, você sabia que M.A.S.H. é francamente inspirada em ARDIL-22?

qualquer sebo que se preze tem uma edição desse livro baratinha, só esperando que você compre, leia e se divirta pra caramba.

Friday, January 05, 2007

dois...

...lados da mesma moeda. é o que se pode dizer das entradas mais recentes.

primeiro, o resultado final, a história pronta, já desenhada (apesar de não ter fornecido o que os gringos chamam de full-script pro léo nesse caso e termos trabalhado no marvel way – método que é mais rápido por usar descrições das ações praticadas pelos personagens em cena sem dar conta das motivações psicológicas ou banais dos mesmos que, no mais das vezes, são expressas por palavras) dá uma idéia razoável do funcionamento do processo.

segundo, um roteiro em si. o roteiro pode ou não pode ser seguido à risca pelo desenhista. depende dele. o interessante, na minha opinião, a respeito da colaboração é justamente esse fator de surpresa que aguarda o roteirista quando o produto está acabado. veja só: o primeiro leitor de qualquer roteiro é o desenhista. é ele quem reinterpreta as palavras em imagens e faz com que a história em quadrinhos como resultado da fusão de linguagens escrita e pictórica aconteça.

no espaço que denomino comumente em meus roteiros de PAINEL segue-se uma descrição minuciosa (ou não. mais uma vez, depende de saber quem está desenhando a história.) do que deve aparecer em cena ou de como os personagens se comportam nela.

quando surge um indicador, como no exemplo abaixo, SOLDADO ou CABO, é um índice de qual personagem está falando naquele momento.

quando uso RECORDATÓRIO indico que as palavras devem aparecer em um box que, apesar de ser parte integrante da narrativa, não é dito por nenhum dos personagens.

a ordem do texto na hq pronta é indicada pela ordem em que aparece no roteiro. se a primeira fala é do SOLDADO, por exemplo, num mesmo painel em que o CABO fala, o balão de fala do SOLDADO deve aparecer mais à esquerda do painel ou acima do balão de fala do CABO.

é, mais uma vez, o bendito sentido de leitura ocidental influenciando até mesmo uma página de texto que escapa da classificação de puramente verbal, de prosa pura.

Thursday, January 04, 2007

roteiro

escrevi isso hoje por causa de um sonho que tive anteontem. é o começo de DESVIO. aos desavisados: trata-se de uma adaptação livre do conceito central do romance ARDIL-22 do brilhante romancista norte-americano Joseph Heller.
ARDIL-22
Abmael M.C. & Joseph Heller

Painel 1;
O pátio de uma instalação militar da aeronáutica. Vemos jipes, aviões e angares como em qualquer boa instalação militar da aeronáutica em 2º plano. Um cabo (ainda não dá pra enxergar as divisas, mas elas vão aparecer em breve, no segundo painel) vem de lá em direção ao 1º, em que um soldado raso (usando aquela camiseta branca que aprendemos a amar e as calças e cuturnos do uniforme) descasca batatas no melhor estilo Recruta Zero. Ele está do lado do galpão que serve como cozinha da instalação.

RECORDATÓRIO: Base Aérea de *******. Um dia como outro qualquer. 1944.

SOLDADO: É ser escroto demais.

CABO: Soldado!

Painel 2;
O cabo chegando ao lado do soldado que se ergueu e está batendo uma continência desleixada, ainda segurando a faca com que descascava batatas há pouco.

SOLDADO: Sim, senhor!

CABO: Já foi comunicado, soldado?

SOLDADO: Do quê, senhor?

Painel 3;
Cabo e soldado mostrados do peito pra cima, agora.

CABO: O ardil...

SOLDADO: Ardil, senhor? Que ardil, senhor?

CABO: Só há um ardil, soldado.

Painel 4;
No cabo. Ele está sério, quase sério demais... como se beirasse a loucura. É, sério assim.

CABO: É o Ardil-22, que especifica que a preocupação de alguém com sua própria segurança diante de perigos que sejam reais e imediatos é o processo de uma mente racional.

Painel 5;
O soldado com ar interrogativo, gesticula dando de ombros com as mãos espalmadas, mais ou menos como numa mímica de quem pergunta. O cabo continua mortalmente sério.

SOLDADO: E o que isso significa, senhor?

CABO: Tome como exemplo o sargento Alameda. Ele é louco e pode ficar em terra. Tudo que precisa fazer é pedir.

Painel 6;
No cabo novamente. Ele fala, e enquanto fala podemos observar que gotículas de saliva voam de sua boca.

CABO: Assim que ele o fizer, não será mais considerado louco e terá que voar mais missões.

CABO: Alameda é louco se voar em mais missões e são se não, mas se ele é são, ele tem que voá-las.

Painel 7;
Prestes a sair de controle agora. O soldado está levemente assustado.

CABO: Se ele voar, então, é louco e não tem que fazê-lo; mas se não quiser ele é são e tem que fazê-lo.

Painel 8;
O soldado está com uma cara ainda confusa e o cabo bate uma continência que não é correspondida.

CABO: Soldado!

SOLDADO: S-senhor!

Painel 9;
O soldado, como mostrado no painel 1, volta a descascar batatas. O cabo se afasta em direção ao 2º plano de onde veio originalmente.

SOLDADO: Que merda!

Wednesday, January 03, 2007

certo

você provavelmente já se habituou a ver só palavras por aqui. como estamos numa nova dimensão temporal desde aproximados 4 dias, resolvi surpreender este seu sentido tão essencial (a, arrã, visão) com algo que originalmente era feito só de palavras e foi magicamente transubstanciado no(s) artefato(s) que você pode conferir abaixo.

se você acompanha a gente há algum tempo, deve lembrar que falei a respeito da composição do texto que acompanha essa historinha. agora, afinal, tudo está onde deveria estar.

arte do sr. Leonardo Andrade, um de nossos colaboradores mais freqüentes.

lendo pilhas de jornais e revistas, mais CAFÉ DA MANHÃ DOS CAMPEÕES (e adorando) além de COMO VIVEM OS MORTOS.

as histórias deste ano prometem ser mais desafiadoras que as do anterior.

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Tuesday, January 02, 2007

escola

tudo volta a isso, não?

quem somos, pra onde vamos. quer dizer, sei que vou precisar voltar lá dia 31 deste mês e o pensamento dificilmente poderia ser classificado como um dos mais agradáveis de se ter em pleno gozo de férias.

mas estou pensando numa escola particular, uma formulada pela mente de muriel spark, que tem um dos nomes mais cool da língua inglesa e escreve como só ela mesma poderia escrever.

o livro, ESCOLA PARA A VIDA, foi o primeiro que terminei de ler este ano. trata de um assunto de meu interesse, não a escola em si, mas um conflito que surge entre o professor de redação criativa e seu aluno mais promissor.

ambos escrevem seus romances.

eles são tomados de ciúmes um pelo outro. começam a viver em função do que o outro diz ou faz. obsedam-se mutuamente.

já viveu coisa parecida? aquele tipo de relação nada saudável que pode levar a atitudes que seriam impensáveis de outra forma?

aí está a graça da literatura, não?

você não precisa. porque há pessoas como a dame supra que fazem o serviço sujo, providenciam a experiência e te fazem vivenciá-la milimetricamente.

é como um tipo de magia... falo da ficção... mas também dos meios de comunicação em geral. durante algumas horas, minutos ou segundos, dependendo da duração do que você lê/assiste o aqui-agora, o espaço-tempo como o conhecemos se distorce e permite uma experiência mais ampla, pra além do que nossos sentidos naturais nos permitem ter.

você vê explosões, enchentes e mortes inexplicáveis. pode não estar associado a elas diretamente, mas toma conhecimento mesmo assim.

são novos órgãos que desenvolvemos para os novos tempos ou só estamos tomando conhecimento daquilo que já existia antes e não experimentamos por, sei lá, onfalocentrismo?

tá, é verdade, o homem pode ser mesmo a medida de todas as coisas. mas alguns homens... pft.

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