CAPA

não, não vou falar da piada da capa de super-heróis que já foi usada, desde os anos 70, em livros (SUPERFOLKS), gibis (WATCHMEN) e animações (OS INCRÍVEIS).

é a capa do livro do Georges Battaille que comprei hoje, HISTÓRIA DO OLHO, do fotógrafo Man Ray, editado lindamente pela Cosac & Naify. que capa. 'o olho sem rosto'... hm, dos milhões de interpretações possíveis, fico com a mais pervertida.

porque posso.

é como dizia meu professor de latim: dentro de minha cabeça, por mais tortuosos que sejam meus pensamentos, eles ainda são meus.

não dá pra ser criticado pelo que se pensa em voz baixa. na calada da noite. sem medo de ser captado pelos psíquicos de plantão (que n-não existem - espero) nem pelas patrulhas ideológicas.

hoje em dia, ao contrário de Battaille, a gente faz anamnese online e tá cagando pro que os outros podem pensar e vão dizer.

o coitado, funcionário público, tinha que se preocupar com a moral, com o que lhe aconteceria se suas obras pornô-eróticas (a linha é tão tênue!) fossem atribuídas a ele como figura reconhecível e de destaque relativo na comunidade.

vídeos são veiculados na internet o tempo todo mostrando de tudo. ato sexual desta ou daquela 'cantora', ato falho deste ou daquele 'político' e vice-versa.

quem se importa?

a tal moral é tão elástica nesses tempos incríveis que Battaille não só tem o nome na capa de seu livro como ganha uma edição de luxo, com papel da melhor qualidade e que, por si só, já desperta meus instintos mais lúbricos dada a sensação tátil que produz.

não liguem pra mim.

tou tendo uma overdose de Nietzche no momento com PARA ALÉM DO BEM E DO MAL.